Crônicas

Gottschalk & Cia

Emílio Gottschalk foi um impetuoso center-foward, que conheci pela mão de meu pai, seu contemporâneo no time de futebol do Flamengo. Tornou-se treinador, por hobby, já que tinha meios outros de subsistência; dirigiu equipes profissionais do Rio, e, também, agremiações amadoras, como o scratch universitário e clubes de praia, em que eu e meus irmãos jogamos.

Nessa função, era original e ardiloso. Um de seus macetes prediletos, quando cabia a seu time dar a saída, consistia em aproveitar a habitual pasmaceira que nessas horas acomete o adversário, para surpreendê-lo com um ataque incisivo, fulminante, truque esse treinado, exaustivamente, nos mínimos detalhes. A manobra teria sido executada com pleno sucesso em seu tempo de jogador.

Não foi bem assim. Consultando O Sport, de 26 de novembro de 1923, deparei-me com o seguinte relato de uma partida realizada no stadium do Fluminense, entre o Clube de Regatas do Flamengo e o Universal de Montevidéo.

Englobados em frente ao pavilhão central, num requinte de cavalheirismo sportivo, os nossos visitantes empunhando bandeiras uruguayas saudaram o povo brasileiro. Pouco depois surgiam os nossos patrícios que mereceram fortes e prolongados aplausos. Sidney vinha à frente, sobraçando linda corbelha, que foi entregue aos nossos hospedes, procedendo-se pouco depois a permuta das bandeirinhas, entregando cada jogador a seu adversário o seu pavilhão nacional. Neste ambiente de cordialidade, alinharam-se os dois quadros, iniciando-se o jogo às 4,15, cabendo a Gottschalk movimentar a bola, o que fez, atrazando-a para o center-half incumbido de remettel-a em seguida aos deanteiros, emquanto commandava uma temivel offensiva de todos...

 

 

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